Num mundo de oportunistas para todos os lados, não é raro que ideias mirabolantes surjam a todo momento, e projetos mal estruturados sejam propostos ao arrepio de qualquer análise séria e estudo responsável. Uma escala melhor de trabalho já é de se pensar não é de hoje, a dinâmica do tempo e as mutações sociais exigem um novo molde na demografia do trabalho. Ocorre que no Brasil ainda impera a cultura da pobreza, e auxílios governamentais de toda sorte incentivam o não desenvolvimento humano e social, justamente para que essa cultura se perpetue e a massa improdutiva de políticos do país eternize no poder. Isso já nem se discute, mais, é uma verdade incontestável.
Essa análise que você está lendo não tem o compromisso de trazer dados e estatísticas, mas apenas, num primeiro momento, de esclarecer algumas nuances que fogem do debate sério, desapaixonado e não ideológico. É importante sermos disruptivos no sentido de não falarmos apenas pela posição que ocupamos, mas com abrangência suficiente para se alcançar visões mais amplas e promovermos ambientes de trabalho mais saudáveis. Afinal, em se tratando de produtividade, tempo não é o fator preponderante, ou seja, tem gente que trabalha “arduamente” o dia todo e produz muito pouco, e o contrário também é verdadeiro.
Ninguém duvida que a carga tributária no país é uma das mais cruéis do mundo, não por acaso chega perto da metade o que o trabalhador perde de seu salário para o governo, e nem é necessário entrar no assunto de que o retorno disso em serviços essenciais não se traduz em qualidade, vide a humilhação que passa o povo brasileiro nas filas dos hospitais e a escalada da violência a que estamos submetidos, não bastasse nossa dificuldade em se locomover, premissa das mais básicas que se pode desfrutar. De posse dessa realidade trágica que todos rememoramos ao ler esse parágrafo, já se pode imaginar o que uma pequena e média empresa, responsável por cerca de 80% da empregabilidade nacional, sofrerá se tiver que, obrigatoriamente contratar mais pessoas nesse momento inflacionário e financeiro que o país atravessa.
Como empregador, esse interlocutor lhes afirma: é totalmente plausível a discussão sobre diminuição da jornada de trabalho, desde que respeitados os moldes de análises e estudos que contemplem não só o trabalhador, que todos que estamos no mercado de trabalho somos, mas também não comprometer o crescimento da empregabilidade, nem tampouco prejudicar sobretudo os micro e médios empreendedores, pessoas comuns que decidiram crescer mesmo que minimamente seus negócios e iniciaram a grande e desafiadora jornada de disputa dos mais variados espaços nos mercados de produtos e serviços. É o pedreiro que vira empreiteiro, é a pequena doceira que monta sua bolaria, é a moça que faz cabelo em casa e monta seu salão, estamos todos atônitos, preocupados e apreensivos com as decisões que podem ser tomadas sobre o assunto, e que pode acertar em cheio o que já está ruim, trazendo ainda maiores tempestades. Não apoie projetos sem estudo de impacto, o tiro no pé nunca é dado de forma consciente.