Tem tempo que o bom senso, a lei natural das coisas e os princípios razoáveis não se aplicam aos debates e às análises sobre os assuntos que se passam no dia a dia das pessoas. Agora, jaz o extremismo em qualquer coisa que se possa divergir. Se estamos falando sobre cadeia, por exemplo, ou a pessoa é contra qualquer suposto benefício para quem está preso, mesmo que isso tenha eficácia na regeneração do apenado, ou é a favor de que nem cadeia exista, ou que seja quase uma “colônia educativa”, com playground etc. O meio termo, o sensato e a análise fria e desapaixonada não estão tendo muito espaço, ultimamente.
Quem levanta a bandeira da nação de Israel, é visto (pelos extremistas) como quem quer acabar com a Palestina, como se não fosse a favor de um diálogo, uma composição com o povo, não seus “governantes”, que segundo os próprios palestinos, são ilegítimos. Por outra sorte, quem defende que a Palestina seja reconhecida pela ONU, é tido como defensores do Hamas. Não que não haja um fã clube dos terroristas, mas não se pode generalizar. O Hamas, inclusive, goza de muito pouco prestígio entre os palestinos.
Ambientes hostis, clima pesado, gente chata tanto de vermelho quanto de verde e amarelo. Discussões bestas acaloradas e divergentes, sem raciocínio lógico, sem um mínimo de análise crítica, somente a intenção de enfiar na cabeça do outro aquilo que se pensa sobre qualquer determinado assunto. A expressão “buraco negro”, a depender da ministra Anielle virou racismo, a crítica do ex governador Ciro Gomes foi certeira quanto a isso. Beber leite também virou um ato racista, opinião acatada e não criticada em TV aberta, e nesse mar de imposições, as verdadeiras e benditas opiniões vão se suprimindo no receio de oferecer algo sensato e parecer idiota.
Se em algum momento a análise crítica, o raciocínio lógico e o bom senso voltarem a imperar, nos chamem, estamos interessados em sair dessa espécie de “casulo” e dialogar com respeito, com um mínimo de conhecimento de mundo, de humanidade, pois em tempos de boçais letrados – como dizia Humberto Eco – influenciando com seus desconhecimentos, os que querem aprender se veem em situação difícil, visto que o mundo não é feito de respostas, mas de perguntas. Quem mais estuda, mais tem dúvida, mas os “sofistas” da internet estão cada vez mais certos de si. Vamos abrir a mente, galera, a busca da verdade não se limita ao que você acha que descobriu…